Comunidades de Energia
Como começar e que passos seguir?
Identifica as motivações para te tornares membro de uma comunidade de energia, ou criar uma nova comunidade de energia. Encontra as pessoas para iniciar uma iniciativa deste tipo em conjunto!
Passe o rato para ler em modo claro.
1. Descoberta/Avaliação das necessidades
Aristóteles dizia que “bem começado é meio caminho andado”. Uma vez identificada a necessidade de fazer parte de uma comunidade de energia ou de criar uma, uma boa prática seria descobrir e avaliar as necessidades. Isto pode ser feito seguindo a abordagem dos 5 Ws -Who (Quem), What (O quê), Where (Onde), When (Quando) e Why (Porquê) – e tentando responder às 5 perguntas seguintes. As perguntas também ajudarão a orientar os próximos passos.
Quem?
Ler Mais
Quem fará parte desta comunidade ou com quem eu gostarias de iniciar/co-criar um projeto deste tipo? Quais são os perfis das pessoas, partes interessadas e entidades com quem vamos construir uma comunidade de energia? Trata-se de identificar as pessoas-chave com quem se pretende trabalhar e de mapear as partes interessadas importantes.
O quê?
Ler Mais
Quais são as minhas necessidades? Devo identificar uma comunidade de energia que já existe e tornar-me membro ou criar uma nova? No primeiro caso, é mais fácil satisfazer a necessidade, procurando uma comunidade de energia existente e vendo de que forma podes contribuir. Existem alguns exemplos inspiradores e melhores práticas deste guia e no mapa da Plataforma da Comunidade da Energia. Existe também uma ferramenta de match making para comunidades de energia e ainda um Repositório de Comunidades Energéticas fornecido pela Comissão Europeia (embora já não esteja atualizado). No segundo caso, de criação de uma nova comunidade de energia, os passos seguintes podem constituir um bom ponto de partida. É claro que aderir a uma comunidade existente é uma ótima maneira de aprender os meandros e complexidades subjacentes à criação de uma nova comunidade de energia no futuro!
Quando?
Ler Mais
Quando é que devemos criar a comunidade da energia? O mais cedo possível, estamos em plena transição! Para além disso, é claro, esta é uma questão a responder quando o âmbito estiver definido e os recursos iniciais e as pessoas tiverem sido reunidas. Aqui é importante mapear quaisquer eventos interessantes que possam ser utilizados para envolver as pessoas e que ajudem a criar a dinâmica necessária. Também é importante ter em conta os pedidos de financiamento ou a agenda das autoridades locais, caso se trate de um parceiro que queiras envolver. Regra geral, não é boa ideia iniciar projetos nos meses de verão e em dezembro.
Onde?
Ler Mais
Onde deve ser localizado o projeto? Esta é uma pergunta a que se deve responder novamente depois de definir as necessidades e o âmbito. Um aspeto muito importante é considerar as restrições legais que acompanham o tipo jurídico da comunidade de energia, mas também restrições que diferem de acordo com a legislação de cada país. Por exemplo, os membros de uma comunidade devem ser todos residentes na região onde a comunidade de energia será registada e o projeto de energias renováveis deve também estar localizado nessa região. Existem também barreiras técnicas que podem atrasar o desenvolvimento do projeto, como por exemplo a falta de uma rede elétrica numa área específica para eletrificar novos projetos de energias renováveis. Neste caso, uma zona vizinha poderia ser um local mais adequado. Como regra geral, os edifícios públicos que são centrais para uma comunidade (edifício municipal ou uma escola) são bons sítios para começar. Também é importante considerar outras potenciais restrições, como edifícios classificados como património cultural, que podem não ser capazes de acomodar painéis solares ou outras infraestruturas de energia.
Porquê?
Ler Mais
Por que razão devo criar uma comunidade de energia? Mais uma vez, esta é uma pergunta a que se deve responder com base nas necessidades, mas também nas atividades que a comunidade irá desenvolver. A motivação por detrás do projeto é o que o fará avançar e ajudará a envolver e a recrutar mais membros.
Compreender os benefícios de criar e ser membro de uma comunidade de energia é crucial para prosseguir com o seu desenvolvimento. É importante reconhecer que as comunidades de energia são uma das ferramentas mais importantes para fornecer energia às pessoas e ferramentas para contribuir para a equidade energética, garantir um acesso fiável e combater a pobreza energética. Desta forma, a comunidade pode envolver-se e participar ativamente na transição energética através de várias atividades, como projetos de autoprodução de energia limpa, distribuição e armazenamento ou serviços de eficiência energética. A comunidade pode participar em todas as fases do projeto, mas o mais importante é que se aproprie do projeto e tome decisões. Como resultado, os membros da comunidade podem adquirir novas competências, ficarem mais capacitados e até mesmo obterem novos empregos.
2. Definição do âmbito e da missão
O âmbito da comunidade de energia e as atividades que serão implementadas devem ser definidos desde o início. Este exercício deve basear-se principalmente na avaliação das necessidades. Quanto mais claro e específico for o âmbito, mais fáceis e exatos serão os passos seguintes. O âmbito pode ser definido, por exemplo, com base no tipo de membros que participarão na comunidade de energia. Serão apenas agregados familiares e/ou pequenas empresas? As atividades da comunidade de energia criarão benefícios apenas para os membros da comunidade que contribuíram financeiramente, ou a comunidade também apoiará agregados familiares vulneráveis?
Além disso, outro fator a considerar é a missão e os objetivos sociais da CER, que têm implicações para o aspeto financeiro, nomeadamente a forma de lidar com ou reinvestir qualquer excedente orçamental que possa resultar das atividades da comunidade de energia.
3. Preparação
Depois de definir o âmbito e as necessidades, o passo seguinte seria preparar tudo o que é necessário para criar a comunidade da energia. O estabelecimento de uma nova comunidade de energia leva a uma série de tarefas burocráticas, uma vez que é uma entidade legal que deve ser registada no registo nacional.
Além disso, para desenvolver o projeto é necessário não só dinheiro, mas também tempo. É por isso que é muito importante criar um sistema de suporte que tenha o conhecimento, a experiência e a vontade de contribuir para este esforço. Exemplos deste sistema de apoio são os advogados que conhecem a legislação, os atores locais, como os municípios ou as associações de moradores, que podem fornecer informações ou potencial apoio financeiro, as organizações que trabalham com comunidades de energia e que podem dar formação a si e aos membros da comunidade e, claro, as pessoas locais com quem podes potencialmente colaborar.
Ler Mais
Once you have the support system, you have to gather all the information about what is needed to create the application for establishing an energy community. In this case, you could search for a possible training that exists like in the Energy Community Repository, rely on people from the support system or contact other existing energy communities. It is necessary and empowering to find the right people to start this initiative, it can be a small group that can drive the initiative (offering time and effort to make all the preparations) and then recruit help and expertise along the way as needed.
Naturalmente, um aspeto importante a considerar é o técnico. Qual será a tecnologia necessária, a dimensão da mesma, quantos agregados familiares serão apoiados? E também o aspeto financeiro. Esta é uma parte difícil, pois infelizmente não existem esquemas de apoio governamentais suficientes para cobrir o custo do investimento. Por isso, na maioria dos casos, são os membros da comunidade que têm de pagar esse custo. No entanto, a energia renovável é um investimento que se “pagará” com o tempo e, na maioria dos casos, oferece taxas de juro muito melhores do que, por exemplo, ter poupanças no banco. É importante ter alguém que possa demonstrar claramente os argumentos económicos para a criação de energia comunitária e comunicá-los eficazmente, porque muitos membros irão basear as suas decisões nesse aspeto.
Não te esqueças de que haverá barreiras e obstáculos, mas ser proativo, encontrar soluções rapidamente e rodear-te das pessoas certas ajudar-te-á a ultrapassar tudo! Algumas das barreiras mais comuns podem ser as restrições impostas pela legislação, a falta de rede elétrica, dificuldades de financiamento ou desmotivação. Para mais informações sobre as barreiras e os obstáculos, podes consultar o relatório da Comissão Europeia: Barreiras e fatores de ação para o desenvolvimento de comunidades de energia e as suas atividades.
Para informações mais pormenorizadas sobre a fase de preparação, podes consultar as secções 3.1 e 3.2 deste Guia.
4. Co-Criação
A parte mais importante das comunidades de energia são os seus membros e o processo participativo para co-criar o projeto e ter um papel ativo em todo o processo (desde a conceção à implementação e gestão). Certifica-te de que as pessoas têm uma palavra a dizer sobre o local, estão cientes das etapas e até participam no dia da instalação. Pequenas atividades, como a criação de arte ou de algo que traga significado ao projeto, são uma excelente forma de criar uma apropriação (psicológica) do processo (alguns estudos demonstram que é essencial para o sucesso do projeto a longo prazo).
Para além do sistema de apoio mencionado no passo anterior, deve haver uma equipa de desenvolvimento para conduzir os processos iniciais e também reunir os membros da comunidade. Uma vez formado o grupo inicial de membros, deve haver uma reunião para definir o modo de funcionamento da comunidade, redigir os documentos oficiais, tomar decisões sobre a entidade jurídica, o projeto energético e as atividades, o sistema financeiro e o sistema cooperativo. Nesta fase, será também útil conceber um plano de estratégia de comunicação. E, claro, decidir o nome da comunidade de energia e criar uma marca ou um logotipo simples que gere identificação!
Informações mais detalhadas sobre a etapa de co-criação e o que o grupo de desenvolvimento deve fazer podem ser encontradas na secção 3.3 deste Guia.
5. Lançamento
Chegar a esta etapa significa que todos os passos anteriores correram bem e que estás pronto para criar uma comunidade de energia! Em primeiro lugar, o pedido deve ser apresentado à autoridade responsável para que a associação seja legalmente constituída. Uma vez que a comunidade de energia está legalmente formada, arranja tempo para celebrar com os membros e a equipa de desenvolvimento e, organiza por exemplo, um evento convidando também o sistema de apoio para informar e refletir sobre o que foi feito até agora.
E, claro, divulgar a mensagem junto do público. É altura de desenvolver a estratégia de comunicação concebida na etapa anterior!
Para informações mais pormenorizadas sobre a fase de lançamento, podes consultar a secção 3.4 deste Guia.
6. Implementação
Uma vez lançada a comunidade de energia, o passo seguinte é desenvolver o que é necessário para as atividades planeadas. Para a maioria das comunidades de energia, a atividade principal é a produção de energia para cobrir a procura de energia dos membros da comunidade. Neste caso, deve haver uma instalação de um sistema renovável para produzir eletricidade. Existem diferentes tecnologias que podem ser utilizadas, sendo as mais comuns os painéis solares fotovoltaicos.
No entanto, a produção de eletricidade não é a única opção, é apenas a mais frequente. As comunidades de energia (sempre que a legislação o permita) também podem funcionar como fornecedores de eletricidade, podem investir em sistemas de distribuição, armazenamento de energia ou eficiência energética. Mais informações sobre estas atividades, as opções tecnológicas existentes para a produção de eletricidade e como escolher uma, podem ser encontradas no aspeto técnico.
7. Desenvolvimento de Redes
Enquanto se prepara o que é necessário para o lançamento e a implementação da comunidade da energia, é importante difundir a mensagem e tornar-se membro das coligações onde quer que existam, para que o movimento das comunidades da energia se torne maior e mais forte. Desta forma, haverá um apoio multilateral do qual todos os membros poderão beneficiar. A criação de uma rede pode ajudar não só a promover projetos de autoprodução, mas também a ter um impacto mais sólido em campanhas, advocacia e consultas públicas. E, claro, pode haver uma grande troca de conhecimentos.
A maior rede que existe a nível europeu é a RESCOOP, mas também podem existir redes mais pequenas a nível nacional. Por exemplo, na Grécia, no final de 2023, foi criada uma coligação chamada “Desmi Energiakon Kinotiton” com uma entidade jurídica distinta.